janeiro 31, 2012
O relógio do coração, Mário Quintana
Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente. Há semanas que
duraram anos, como há anos que não contaram um dia. Há paixões que
foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário
nos mostrar que ficaram por anos em nossas agendas. Há amores não
realizados que deixaram olhares de
meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho. Há trabalhos
que nos tomaram décadas de nosso tempo na Terra, mas que nossa memória
insiste em contá-los como semanas. E há casamentos que, ao olhar para
trás, mal preenchem os feriados da folhinha. Há tristezas que nos
paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal
guardamos lembrança de horas. Há eventos que marcaram, e que duram para
sempre o nascimento do filho, a morte da avó, a viagem inesquecível, o
êxtase do sonho realizado. Estes têm a duração que nos ensina o
significado da palavra “eternidade”. Já viajei para a mesma cidade uma
centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o
mesmo. Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até
hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz estava
eu na ocasião. O relógio do coração hoje descubro, bate noutra
freqüência daquele que carrego no pulso. Marca um tempo diferente, de
emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente. Por
este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que
temos no mundo. É olhar as rugas e não perceber a maturidade. É pensar
antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as
lembranças do que viveu. Pense nisso. E consulte sempre o relógio do
coração: ele lhe mostrará o verdadeiro tempo do mundo. O tempo A vida é
o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis
horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa
vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser
reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o
relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca
dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e
diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta
devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro
medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que,
infelizmente, nunca mais voltará.
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2 comentários:
Mario Quintana salva muito dos meus dias, muitos momentos, um gênio. ♥
Muito lindo esse texto. Mostra como os pequenos instantes são os que importam. Dá uma vontade de para de reclamar da vida e mudá-la para algo bem melhor, onde tudo são sorrisos. Altamente inspirador.
P.s.: Gostei muito do seu cantinho
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